Igreja Matriz de Vila do Conde – A Igreja Matriz é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade e concelho de Vila do Conde. Desde o século XVI, transformou-se no maior centro de culto da Paróquia de S. João Baptista e, quando foi construída era a maior igreja paroquial do seu tempo, e ainda hoje é uma das maiores do país. Não sendo possível contar toda a sua história referiremos os factos principais. A decisão de se construir uma nova matriz, em 1496 – em substituição da antiga matriz que se situava no monte do mosteiro e era pequena – corresponde ao anseio de uma população, que há muito desciam as encostas do monte, para morar mais perto do porto do Ave, numa época em que Vila do Conde fervilhava com o comércio do Império Português. A matriz de Vila do Conde é um monumento às Descobertas marítimas empreendidas por Portugal. Iniciava-se, assim, a construção de um novo pólo do poder no Campo de S. Sebastião, que ficaria completo com a transladação dos Paços do Concelho para o topo norte da Praça Nova, retirando, assim, ao Monte do Mosteiro a sua primazia como centro de poder político e religioso da vila.
A construção da Matriz de Vila do Conde foi impulsionada com a passagem do Rei D. Manuel I por Vila do Conde, a caminho de Compostela, em 1502, que além de uma contribuição pessoal derramou impostos sobre o povo e as freiras de Santa Clara para a construção da nova matriz. A carta de Arrifana da Feira, de 5 de Dezembro de 1502, dava instruções precisas de como deveria ser construída esta igreja. No entanto, este projeto foi amplamente alterado com a construção das capelas absidiais (1507) – hoje dedicadas a nossa Senhora do Rosário e SS. Sacramento. Note-se a construção do pórtico e a influência de João de Castilho, nesta época. Em 1518, data da sagração, a igreja tinha três naves e só posteriormente adquiria uma projeção cruciforme com a construção das capelas do transepto: a Corpo Santo ou Nossa Senhora da Boa Viagem (1542) e a de S. Miguel-o-Anjo ou Nossa Senhora da Assunção em (1561). A Matriz de Vila do Conde ficou, assim, votada como um espaço marcadamente manuelino, pelos motivos marítimos expressos na decoração do portal, dos arcos das capelas (sobretudo do transepto), pela fonte batismal e pela rica decoração das abóbadas das capelas mor, absidiais e do transepto. Os séculos que se seguiram trouxeram o enriquecimento do seu interior. No século XVII foi construída a torre sineira. No século XVIII os interiores das igrejas adornavam-se com a talha dourada, fruto do ouro que os portugueses retiravam do Brasil. A Matriz ficou composta de treze retábulos em talha dourada, que hoje se apresentam desta forma: do lado do Evangelho – Senhor do Bonfim, Santo António, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Assunção (capela do transepto), Nossa Senhora do Rosário (capela absidial); do lado da Epístola os retábulos de Nossa Senhora da Conceição, Almas do Purgatório, Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora da Boa Viagem (transepto) e Santíssimo Sacramento (capela absidial). A capela mor possui um retábulo, com trono sob o painel que representa o Batismo de Cristo por S. João Baptista e, abaixo deste, a imagem de S. João Baptista, ladeado pelas imagens de S. Gabriel e Nossa Senhora Mãe de Deus. Do século XVIII é o púlpito e o painel da Sacristia. No século XX, sob impulso do cónego-prior Mons. José Augusto Ferreira fez importante obra de melhoramento. As aberturas foram cobertas por vitrais policrómicos mandados executar em França: o da janela central representa a última ceia; o das naves a vida e morte de S. João Baptista. Em 1908 o Comendador Bento d’Aguiar oferecia o órgão de tubos.
O Prior Porfírio Alves, de saudosa memória, mandou instalar nos retábulos de N. S. das Graças e S. Pedro as imagens de S. José e N.S. de Fátima. Como igreja Paroquial, a Matriz mantém-se um espaço vivo. Mas hoje, a principal preocupação é a sua preservação. Por isso tem sido alvo de algumas intervenções, provavelmente, nem todas as que merece, porque a Matriz de Vila do Conde, muito mais que encerrando a memória coletiva de um lugar, encerra nas suas pedras e talhas, a memória da epopeia e das épocas gloriosas deste país.
Principais Festas: S. João Baptista (24 de Junho); Semana Santa e Páscoa (Móvel); Corpo de Deus (Móvel); Senhora da Conceição (8 de Dezembro).
Período de Abertura: de 3ª a Domingo: das 10h-12h e das 14h30m às 19h30m; à 2ª: das 17h às 19h30m.
Eucaristia: Diariamente às 19h, precedida de recitação do Terço; ao Domingo: 09h30, 11h30 e 19h.
Proteção legal: Classificado como Monumento Nacional pelo Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910